FAMILIA    CAMOZZATO

                                                      Origem do nome Camozzato

                                                                                                                                                                                            

                                                                                                                                                                                                       Página Principal

A utilização de sobrenomes foi uma necessidade decorrente do crescimento populacional. Sem preocupação por ordem, foram utilizados os nomes dos pais (Antonio filho de Angelo), lugares, adjetivos da pessoa (João Grandão), etc.

Não se deve portanto atribuir muita importância à origem de cada sobrenome. Mais importante é saber, daqueles que foram nossos antepassados, quem eram, como viveram, por onde andaram.  

 

Voltando então para a origem do nome camozzato, pelos textos apresentados abaixo e informações obtidas podemos relacionar com a pessoa que cuida do animal existente nos Alpes cujo nome científico é Rubicapra rupicapra, popularmente denominados camòscio e camozza (masculino e feminimo), camozzato seria então o pastor destes animais. E ainda como a denominação do principal tipo de tecido feito com a pele deste animal, a camurça.

 

Isto a partir das palavras camoscio e camozza, contidas ainda hoje nos dicionários italianos, significando:

camoscio: mamífero ruminante di corporatura simile alla capra; la pelle dell'animale conciata;     

camozza: fêmmina dell camoscio.

 

A palavra camozzato entretanto na prática tem utilização um tanto restrita. Podemos encontrá-la no texto de Miguel de Cervantes (1547-1616), principalmente em Dom Quixote de La Mancha, edição em italiano, disponível na internet.  

http://www.liberliber.it/biblioteca/c/cervantes/don_chisciotte_della_mancia/html/index.htm

Este livro é uma tradução da obra espanhola para o italiano feita em 1818 por Bartolomeo Gamba, em Milão, e o texto foi retirado da edição publicada em 1888. O fato da palavra não estar sendo mais utilizada pode ser pelo desuso ou por pertencer a algum dos vários dialetos utilizados na Itália até a sua unificação ocorrida em 1861. É verdadeiro porém que na tradução do famoso livro Dom Quixote do espanhol para o italiano, o tradutor Bartolomeo Gamba utilizou o mesmo sentido para as palavras camozza e camozzato, e não seria razoável supor que tenha sido por erro ou engano.  Deve ser registrado também que Bartolomeu Gamba teve o reconhecimento pela sua contribuição à literatura italiana, atuando como colecionador (bibliógrafo), tradutor, editor e distribuidor de livros e era considerado um estudioso em dialetos falados na Itália. 

No site acima, estão disponíveis duas versões do livro de Cervantes em italiano, sendo que aquela em que são utilizados os termos camozza e camozzato é a versão mais artística, em html, trazendo 341 desenhos feitos pelo famoso ilustrador francês Gustav Doré em 1863 para a edição francesa do livro. A qualidade dos desenhos bem como a riqueza de detalhes e de representação das cenas enriqueceram em muito os personagens, principalmente de Sancho Pança, e influenciaram em muito os leitores, artistas e diretores que posteriormente se envolveram com esta obra.

Veja abaixo, trechos de dois capítulos do livro: 

 

CAPITOLO XLVI

FORMIDABILE TERRORE CHE DIEDERO I CAMPANACCI ED I GATTI A DON CHISCIOTTE NEL PROGRESSO DEGLI AMORI COLLA INVAGHITA ALTISIDORA.

CAPITOLO XLVI

Noi lasciammo il gran don Chisciotte ravvolto nei pensieri che gli aveva risvegliati la musica della innamorata donzella Altisidora. Tornò a letto con questi; e, come importune pulci, non lo lasciavano dormire né riposar un momento: e vi si aggiungevano anche gli altri delle sue calzette; ma siccome vola il tempo, e non vi ha cosa che lo trattenga, perciò passarono le ore della notte come lampo, e presto giunsero quelle della mattina. Al suo apparire lasciò don Chisciotte le morbide piume; e per nulla infingardo, si pose indosso il suo camozzato vestito, e si calzò gli stivali da campagna per ricoprire la disgrazia delle calzette. Si mise indosso il suo magnifico manto di scarlatto, e in testa una montiera di velluto verde, guernita con passamani di argento; attaccossi l'armacollo da cui stava ciondolante la sua famosa e tagliente spada; si tolse un gran rosario che sempre portava seco, e così fatto con grande prosopopea ed albagia recossi nell'antisala, dove il duca e la duchessa, di già vestiti, pareva che lo stessero aspettando.

Tradução em português:

Deixamos Dom Quixote embrulhado em pensamentos que tinham despertado a música de sua apaixonada donzela Altisidora. Ele voltou para a cama com eles, e, assim como as pulgas eles não o deixavam dormir ou descansar um momento, e adicionando os outros de suas meias, mas como o tempo voa, e há algo que segurá-lo, por que gastar o horas da noite, como um relâmpago, e logo chegou na parte da manhã. E Dom Quixote deixou o soft para baixo, e não em todos os preguiçosos, ele começou a usar seu terno de camurça e usava as botas para cobrir o desastre em suas  meias. Ele começou a usar o seu manto escarlate, e vestindo um gorro de veludo verde cortado com a prata de remate, attaccossi o talabarte ele estava pendurado em sua espada cortante famosos, tomou um grande rosário que trazia sempre consigo, e assim com solenidade grande, e passou nell'antisala vaidade, onde o duque e a duquesa, já vestidos, parecia já estar esperando.

http://www.liberliber.it/biblioteca/c/cervantes//don_chisciotte_della_mancia/html/2_46.htm

 

 

Mesmo capítulo, na outra versão em italiano:

http://www.liberliber.it/mediateca/libri/c/cervantes/don_chisciotte_della_mancia_bur/pdf/cervantes_don_chisciotte.pdf   na página 1089.

 

CAPITOLO XLVI
DEL TERRIBILE SPAVENTO CHE CAMPANACCI E GATTI FECERO A DON CHISCIOTTE NEL TEMPO CHE LO CORTEGGIAVA L'INNAMORATA ALTISIDORA
Lasciammo il gran don Chisciotte assorto nei pensieri che gli aveva cagionato la serenata dell'innamorata pulcella Altisidora.
Con questi pensieri che, come se fossero pulci, non lo lasciarono dormire né riposare un momento e ai quali si aggiungevano quelli
che sì davvero gli mancavano del calzone, andò a letto. Poiché però il tempo scorre veloce e non c'è ostacolo che lo rattenga,
corse a cavallo delle ore e molto presto giunse quella della mattina. Ciò visto don Chisciotte, lasciò le molli piume, e non punto
pigro, indossò il suo vestito scamosciato, si calzò gli stivali da viaggio per nascondere il guaio del calzone, si gettò sulle spalle la
cappa di scarlatto, si mise in testa una berretta di velluto verde, guarnita di passamano d'argento e a tracolla il budriere con la
buona e tagliente spada, quindi prese in mano un gran rosario che portava sempre con sé e con grande prosopopea e dondolamento
della persona apparve nell'antisala, dove il duca e la duchessa erano già vestiti e come in attesa di lui. Or al suo passaggio per una
galleria stava a bella posta ad attenderlo con l'altra donzella sua amica, Altisidora; la quale non appena vide don Chisciotte, finse
di svenire, mentre l'amica la sostenne fra le sue braccia e prestamente le andava sbottonando il petto. Don Chisciotte, che vide
ciò, avvicinandosi loro, disse:

 

 

CAPITOLO LXI

LA VENTURA DELLA TESTA INCANTATA, CON ALTRE BAGATTELLE CHE NON SI PUÒ FAR A MENO DI NON RACCONTARE.

CAPITOLO LXI

L'ospite di don Chisciotte chiamavasi don Antonio Moreno, ed era cavaliere di affabili modi, ricco, saggio, amante degli onesti passatempi, il quale vedendosi in casa il cavaliere errante, pensò subito a qualche burla innocente per esercitarlo nelle sue pazzie: giacché non sono burle quelle che pungono, né vi ha passatempo che sia permesso se torna a danno altrui. La prima cosa che fece fu disarmare don Chisciotte e farlo vedere in pubblico con quel suo stretto e camozzato vestito (come lo abbiamo già altra volta descritto e dipinto) ad un balcone che corrispondeva sopra una strada delle più frequentate della città, a vista del popolo e dei ragazzi, che stavanlo mirando come fanno delle bertucce. Corsero nuovamente dinanzi a lui quelli dalle livree, come se a sola sua contemplazione e non per rallegrare quel dì festivo se le avessero poste indosso. Sancio era in somma gioia, sembrandogli, senza saperne il come, di trovarsi ancora alle nozze di Camaccio, o nella casa di don Diego di Miranda, o in un castello come era stato quello del duca.

Tradução em português:

O convidado de Dom Quixote foi chamado Don Antonio Moreno, e foi cavaleiro de modos afáveis, riqueza e inteligência, um amante dos passatempos honestos, que encontrando-se na casa do cavaleiro andante, decidiu fazer uma brincadeira inocente alguns para praticar a sua loucura: por não piadas são aquelas que Sting, nem passatempo é permitida se ele retorna em detrimento de outros. A primeira coisa que fiz foi desarmar Dom Quixote e mostrá-la em público com seu terno de camurça apertado (como já descrito e representado outra vez) que correspondeu a uma varanda acima de uma das ruas mais movimentadas da cidade, a visão do povo e os meninos, assim como objetivo stavanlo de macacos berberes. Correu de volta na frente dele por essas entregas, como se apenas a sua contemplação e não para animar esse feriado dia público se tivessem colocado sobre ele. Sancho foi com grande prazer, ao que parece, sem saber se ia no casamento de Camacho, ou a casa de Dom Diego de Miranda, ou castelo que era do Duque.

http://www.liberliber.it/biblioteca/c/cervantes/don_chisciotte_della_mancia/html/2_61.htm

 

Mesmo capítulo, na outra versão em italiano: (O capítulo nesta versão é o LXII enquanto na outra é o LXI)

http://www.liberliber.it/mediateca/libri/c/cervantes/don_chisciotte_della_mancia_bur/pdf/cervantes_don_chisciotte.pdf   na página 1250.

CAPITOLO LXII
CHE TRATTA DELL'AVVENTURA DELLA TESTA INCANTATA, INSIEME AD ALTRE BAZZECOLE CHE NON SI PUÒ
TRALASCIARE DI RACCONTARE
Quegli di cui era ospite don Chisciotte si chiamava Antonio Moreno, cavaliere ricco, saggio, garbato e amante degli onesti divertimenti. Il quale, vedendo in casa sua don Chisciotte, andava cercando tale o tal altro modo come potesse metterne a mostra le mattie, senza pur fargli danno; poiché non sono già burle quelle che cagionano dolore, né ci son passatempi che meritino, se sono dannosi ad un terzo. La prima cosa che fece fu di far disarmare don Chisciotte ed in quel suo vestito attillato di camoscino (secondo che già altre volte lo abbiamo descritto e rappresentato), esporlo, da un balcone che dava sopra una strada tra le principalissime della città, alla vista della folla e dei monelli che stavano a guardarlo come fosse una bertuccia. A gran carriera ripassarono davanti a lui i cavalieri dalle livree, come se per lui solo e non per dar più gaiezza a quel giorno di festa le avessero indossate. Sancio era tutto contento perché gli pareva di essere capitato, senza saper come, ancora a delle nozze di Camaccio, ancora in una casa come quella di don Diego, ancora in un castello come quello del duca.

 

 

 

 

No mesmo livro, Dom Quixote, aparecem mais vezes o uso da palavra camozza, conforme abaixo:

CAPITOLO XXV

AVVENTURA DEL RAGLIO DELL'ASINO, E GRAZIOSO SUCCESSO DEL BAGATTELLIERE COLLE MEMORABILI DIVINAZIONI DELLO SCIMMIOTTO INDOVINO.

Il galantuomo terminò con queste parole il suo racconto, e a questo punto entrò per la porta dell'osteria un uomo con calzette, calzoni e giubbone, tutti di camozza, e con alta voce si fece a dire:

Em português: O senhor acabou com essas palavras sua história, e neste momento, chegou à porta um homem com meias, calças e casaco, tudo de camurça, e com voz alta disse:

http://www.liberliber.it/biblioteca/c/cervantes//don_chisciotte_della_mancia/html/2_25.htm

 

CAPITOLO XXXI tomo 2

TRATTASI DI MOLTE E MOLTO IMPORTANTI COSE

Tra questi ragionamenti, che furono piacevoli a tutti, salirono al nobile appartamento, ed assegnarono a don Chisciotte una sala ricchissima, tutta parata di drappi d'oro e di broccato, sei donzelle lo disarmarono, servendogli da paggi, tutte avvertite e ammaestrate dal duca e dalla duchessa di ciò che dovessero fare, e del modo con cui dovevano assistere don Chisciotte, affinché vedesse che lo trattavano da cavaliere errante. Deposta l'armatura, restò mezzo spoglio coi suoi calzoncini stretti e col suo giubbone di camozza, secco, alto, lungo, con le ganasce che per di dentro si baciavano l'una con l'altra: figura che avrebbe fatto scoppiar dalle rise le donzelle che lo corteggiavano, se non avessero dovuto astenersene per preciso comando dei loro padroni. Rimasto poi solo con Sancio, così prese a parlargli:

 

CAPITOLO XVIII tomo 2

DI QUELLO CHE AVVENNE A DON CHISCIOTTE NEL CASTELLO O CASA DEL CAVALIERE DAL VERDE GABBANO CON ALTRI STRAORDINARI SUCCESSI.

Entrò don Chisciotte in una sala dove Sancio lo assisté a disarmarsi, e rimase in calzoncini e col suo giubbone di camozza tutto nericcio pel sudiciume dell'arme. Aveva il collare a foggia di studente, senz'amido e senza trine; i borzacchini erano di quelli lavorati alla moresca, e tenea le scarpe incerate. Si cinse di nuovo la sua spada, pendente da una striscia di pelle di lupo marino, poiché è opinione ch'egli avesse sofferto per qualche anno l'infermità degli arnioni. Si pose un ferraiuolo di panno bigio; ma prima di tutto con cinque o sei secchie di acqua (che nel numero delle secchie vi ha qualche diversità) si lavò la testa e la faccia, ma ad ogni modo restò l'acqua del colore del siero, mercé della ghiottornia di Sancio e della sfortunata ricotta che tanto avea imbiancato il suo padrone.

 

 

Em outra obra, esta escrita por italiano, também antiga, ano 1861, tem-se o uso da palavra camozza num verso da obra, abaixo: 

IL MALMANTILE RACQUISTATO  di PERLONE ZIPOLI (Lorenzo Lippi) con gli Argomenti di Antonio Malatesti

FIRENZE , G. BARBÉRA, EDITORE, 1861.

 

Comparisce frattanto un carro in piazza

da Farfarel tirato e Barbariccia,

ubbidïenti al cenno della mazza,

soda, nocchiuta, ruvida e massiccia,

con che la formidabil Martinazza

a lor, ch'è ch'è, le costole stropiccia.

E quei demòni in forma di camozza

van tirando a battuta la carrozza.

http://www.readme.it/libri/Letteratura%20Italiana/malmantile%20racquistato.shtml

 

 

Outras fontes:

Na página 156 do livro Elementos de Filologia Românica escrito por Bruno Fregni Basseto consta a descrição do termo camozza referente um animal de pele pardo avermelhada, cujo habitat situa-se nas partes mais altas dos Alpes e dos Pirineus. Este animal, parecido com as cabras, era desconhecido dos romanos até conquistarem a região.   O nome do animal teria sido usado em latim uma única vez, registrado como camox, e após, transferido para outras linguas, como italiano camoscio e camozza e no francês chamois

 

No site Bíblia on line, encontramos  em Deuteronomio 14 o uso do termo camozza com tradução para o português como cabra montês, abaixo.

1 Vós sois os filhos do Senhor, vosso Deus. Não vos fareis incisões, e não cortareis o cabelo pela frente em honra de um morto, VOI siete figliuoli del Signore Iddio vostro; non vi fate tagliature addosso, e non vi dipelate fra gli occhi, per alcun morto.
2 porque és um povo consagrado ao Senhor, teu Deus, o qual te escolheu para ser um povo que lhe pertença de um modo exclusivo entre todas as outras nações da terra." Conciossachè tu sii un popolo santo al Signore Iddio tuo; e il Signore ti ha eletto d’infra tutti i popoli che son sopra la terra, per essergli un popolo peculiare.
3 Não comerás coisa alguma abominável. Non mangiar cosa alcuna abbominevole.
4 Eis os animais que comereis: o boi, o cordeiro, a cabra, a gazela, Queste son le bestie, delle quali voi potrete mangiare: il bue, la pecora, la capra,
5 a corça, o gamo, o antílope, o búfalo e a cabra montês. il cervo, il cavriuolo, la gran capra, la rupicapra, il daino, il bufalo, e la camozza.

http://www.bibliaonline.com.br/vc+diodati/dt/14

 

Para o American Heritage Dictionaire, o termo chamois (camoscio) significa um antílope extremamente ágil das montanhas de regiões da Europa.

http://www.wordnik.com/words/chamois

 

Já no American Dictionairy of english Languages, o termo chamois (camoscio) significa: 

Um animal da espécie caprina, cuja pele é feito em couro macio, chamado de camurça. Também a denomina de rubicapra

http://search.ldslibrary.com/article/view/3514325

 

 

No original (em espanhol) do livro famoso de Cervantes, Don Quijote de La Mancha, é utilizada a palavra acamuzado, conforme segue:

Capítulo 62: Que trata de la aventura de la cabeza encantada, con otras niñerías que no pueden dejar de contarse

Don Antonio Moreno se llamaba el huésped de don Quijote, caballero rico y discreto, y amigo de holgarse a lo honesto y afable, el cual, viendo en su casa a don Quijote, andaba buscando modos como, sin su perjuicio, sacase a plaza sus locuras; porque no son burlas las que duelen, ni hay pasatiempos que valgan si son con daño de tercero. Lo primero que hizo fue hacer desarmar a don Quijote y sacarle a vistas con aquel su estrecho y acamuzado vestido –como ya otras veces le hemos descrito y pintado– a un balcón que salía a una calle de las más principales de la ciudad, a vista de las gentes y de los muchachos, que como a mona le miraban. Corrieron de nuevo delante dél los de las libreas, como si para él solo, no para alegrar aquel festivo día, se las hubieran puesto; y Sancho estaba contentísimo, por parecerle que se había hallado, sin saber cómo ni cómo no, otras bodas de Camacho, otra casa como la de don Diego de Miranda y otro castillo como el del duque.

http://www.donquijote.org/spanishlanguage/literature/library/quijote/324.asp

 

 

Noutra versão de Don Quijote, também em espanhol, temos: 

Capítulo XLVI+

Del temeroso espanto cencerril y gatuno que recibió don Quijote en el discurso de los amores de la enamorada Altisidora

Dejamos [*] al gran don Quijote envuelto en los pensamientos que le habían [*] causado la música de la enamorada doncella Altisidora: acostóse con ellos, y, como si fueran pulgas, no le dejaron dormir ni sosegar un punto, y juntábansele los que le faltaban de sus medias [1]. Pero como es ligero el tiempo y no hay barranco que le detenga [2], corrió caballero en las horas, y con mucha presteza llegó la de la mañana, lo cual visto por don Quijote, dejó las blandas plumas y nonada perezoso se vistió su acamuzado vestido y se calzó sus botas de camino [3], por encubrir la desgracia de sus medias; arrojóse encima su mantón de escarlata y púsose en la cabeza una montera de terciopelo verde, guarnecida de pasamanos de plata [4]; colgó el tahelí de sus hombros con su buena y tajadora espada [5], asió un gran rosario que consigo contino traía [6], y con gran prosopopeya y contoneo salió a la antesala [7], donde el duque y la duquesa estaban ya vestidos y como esperándole. Y al pasar por una galería estaban aposta esperándole Altisidora y la otra doncella su amiga [8], y así como Altisidora vio a don Quijote fingió desmayarse, y su amiga la recogió en sus faldas y con gran presteza la iba a desabrochar el pecho. Don Quijote que lo vio, llegándose a ellas dijo:

http://cvc.cervantes.es/obref/quijote/edicion/parte2/cap46/default.htm

 

 

Pelo Dicionário de Cervantes, Don Quixote Dictinary. Compiled by Tom Lafthrop, tem-se a palavra acamuzado como pele de chamois (camoscio).

acamuzado chamois skin [II46]

http://cervantes.tamu.edu/V2/textos/diccionario/a.htm

 

 

Numa edição bílingue espanhol e francês, os termos utilizados são acamuzado e chamois, confirmando a relação dessas palavras.

II. Capítulo XLVI. Del temeroso espanto cencerril y gatuno que recibió don Quijote en el discurso de los amores de la enamorada Altisidora. Chapitre XLVI De l’épouvantable charivari de sonnettes et de miaulements que reçut don Quichotte dans le cours de ses amours avec l’amoureuse Altisidore
Dejamos al gran don Quijote envuelto en los pensamientos que le habían causado la música de la enamorada doncella Altisidora. Acostóse con ellos, y, como si fueran pulgas, no le dejaron dormir ni sosegar un punto, y juntábansele los que le faltaban de sus medias; pero, como es ligero el tiempo, y no hay barranco que le detenga, corrió caballero en las horas, y con mucha presteza llegó la de la mañana. Lo cual visto por don Quijote, dejó las blandas plumas, y, no nada perezoso, se vistió su acamuzado vestido y se calzó sus botas de camino, por encubrir la desgracia de sus medias; arrojóse encima su mantón de escarlata y púsose en la cabeza una montera de terciopelo verde, guarnecida de pasamanos de plata; colgó el tahelí de sus hombros con su buena y tajadora espada, asió un gran rosario que consigo contino traía, y con gran prosopopeya y contoneo salió a la antesala, donde el duque y la duquesa estaban ya vestidos y como esperándole; y, al pasar por una galería, estaban aposta esperándole Altisidora y la otra doncella su amiga, y, así como Altisidora vio a don Quijote, fingió desmayarse, y su amiga la recogió en sus faldas, y con gran presteza la iba a desabrochar el pecho. Don Quijote, que lo vio, llegándose a ellas, dijo: Nous avons laissé le grand don Quichotte enseveli dans les pensées diverses que lui avait causées la sérénade de l’amoureuse fille de compagnie. Il se coucha avec ces pensées ; et, comme si c’eût été des puces, elles ne le laissèrent ni dormir, ni reposer un moment, sans compter qu’à cela se joignait la déconfiture des mailles de ses bas. Mais, comme le temps est léger et que rien ne l’arrête en sa route, il courut à cheval sur les heures, et bientôt arriva celle du matin. À la vue du jour, don Quichotte quitta la plume oisive, et, toujours diligent, revêtit son pourpoint de chamois, et chaussa ses bottes de voyage pour cacher la mésaventure de ses bas troués. Puis il jeta par là-dessus son manteau d’écarlate, et se mit sur la tête une montera de velours vert, garnie d’un galon d’argent ; il passa le baudrier sur ses épaules, avec sa bonne épée tranchante ; il attacha à sa ceinture un grand chapelet qu’il portait toujours sur lui ; et, dans ce magnifique appareil, il s’avança majestueusement vers le vestibule, où le duc et la duchesse, déjà levés, semblaient être venus l’attendre. Dans une galerie qu’il devait traverser, Altisidore et l’autre fille, son amie, s’étaient postées pour le prendre au passage. Dès qu’Altisidore aperçut don Quichotte, elle feignit de s’évanouir ; et son amie, qui la reçut dans ses bras, s’empressait de lui délacer le corsage de sa robe. Don Quichotte vit cette scène ; il s’approcha d’elles, et dit :

http://mgarci.aas.duke.edu/celestina/EDICIONES-BILINGUES/FRANCES/DQ-2-46.HTM

 

 

 

Cervantes também usa o termo acamuzado em outra obra sua, 

"Junto a la última puerta de Santa Lúcia está el acamuzado nicho del decantado Mosen Borras, quien por su ridículo ropage acredita haber sido bufon del rey Dom Alonso III."

http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12260426460113733087402/207894_0002.pdf

Conforme o dicionário elaborado em relação à obra de Cervantes, acamuzado consta como pele do animal camoscio/camozza, que em francês é chamois por derivação da palavra camox.

acamuzado chamois skin [II46]

 http://cervantes.tamu.edu/V2/textos/diccionario/a.htm

http://en.wikipedia.org/wiki/Chamois

 

 

Camosato:  Numa nota de rodapé escrita em latim consta uma citação à palavra à fls. 236 do livro IL PIEMONTE SACRO-Storia Della Chiesa e Dei Vescovi D'Acqui , edição de 1880, de autoria de Oliviero Iozzi

http://ia700808.us.archive.org/6/items/ilpiemontesacros00iozz/ilpiemontesacros00iozz.pdf

Abaixo, o texto em italiano com a nota de rodapé em latin.

TOMMASO DEREG1BUS d'Alba, presso Torino, fu eletto Vescovo dai nostri Cononici che
si erano radunati nella Parrocchia di S. Maria di Visone, perchè il fiero flagello della
peste infestava miseramente la città d'Acqui. Tale elezione venne confermata da Nicolò V; laonde
il novello Vescovo si fé' premura di prendere possesso della Chiesa affidatagli e delle cose di
essa. Fra le altre cercò di riscuotere la sommaI quali finalmente si risolsero di
dare al Vescovo De Regibus un valore corrispondente a ducati sessantaquattro, consistente in un
pastorale d'avorio con* finissimo intaglio e dipintura, un anello d'oro con pietra preziosa, un apparato
ad uso pontificale, ed altra suppellettile.(1)

(i) « Pontifìcalem, planetam, unam de Camosato, stolam, et
manipolum; item tunicellam, dalmaticam, et subdalmaticam ; item
pallium prò facie altaris; tapetum unum rubrum; item bases et
capitella lapidum sculptorum prò columnis claustri Ecclesiae Aquensis.
» — Die 28 Octob. an. 1453.

 

Voltar página principal